sábado, 16 de maio de 2009

O princípio e o fim

Neste blogue irei partilhar algumas das minhas experiências relativas ao SCP, através da minha participação no Leão de Verdade e no Ser Sporting. Também analisarei os dias agitados que se vivem por estes dias. Tentarei sintetizar o trabalho tido neste último ano e meio e ainda se conseguir, divulgar informação útil que todos deviam conhecer.

A história do SCP começou há mais de 100 anos. A poucos dias das eleições de 2009 para os órgãos sociais do Clube, interessa sobretudo, a história dos últimos 13 anos.

Foram os anos de 1996 até à data que alteraram profundamente, (definitivamente?), o rumo do Sporting. Só com conhecimento do que aconteceu nos últimos anos poderemos tomar em consciência as melhores decisões para o futuro.

É ainda aos sócios quem cabe escolher. O Sporting será o que eles decidirem fazer. Se os sócios optarem pelo caminho da situação, muito bem. Apenas que o façam conhecendo a história recente e os factos que estão a condicionar.

Resumindo estes últimos 13 anos:
- O Passivo acumulado era à data de 2006, de 277M€;

Como se chegou a este valor de Passivo?
- O Clube construiu um novo estádio, academia e património não desportivo que custou cerca de 170M€;
- Os restantes 100M€ resultam de prejuízos do futebol profissional.

Esse prejuízo de 100M€ foi o preço que pagámos, em 13 anos, para sermos campeões 2 vezes. Haverá pessoas que o legitimem, outras não. Mas confessemos que com estes valores não é tão difícil ser-se campeão.

«O» problema, é o equilíbrio entre receitas e despesas. Como fazê-lo é a arte da gestão deste «elefante branco». Como cumprir com as obrigações e ainda assim obter resultados desportivos?

A situação hoje é esta:
Receitas: 40 a 45M€ sem receitas extraordinárias e Champions para um máximo de 55M€ se incluirmos as receitas da Champions.

E ainda assim o Clube é deficitário em cerca de 8M€/ano.

E quais são as despesas que o Sporting tem?
- Encargos financeiros anuais decorrentes do investimento em infra-estruturas (estádio, academia etc) e, muito importante, dos 100M€ dos prejuízos causados pelo futebol. Ou seja os erros do passado arrastam-se interminavelmente...
- O que sobrar e até esticar a corda ao máximo, literalmente, vai para o futebol. Se às modalidades esta direcção exige que não tenham prejuízos, o futebol é uma esponja que tudo absorve.

Para o Sporting chegar ao equilíbrio - com o nível de receitas actual - o futebol não pode gastar sequer 20M€/ano.

Esta época irá gastar cerca de 27-28M€. Assim se explica facilmente a razão pela qual o Passivo não desce! Pelo contrário, sobe!

Desceu em termos absolutos porque recebemos receitas extraordinárias relativas ao negócio dos terrenos vendidos à MDC, CML entre outros, mas se estas não fossem contabilizadas o Passivo subiria e mais uma vez graças ao futebol.

Este é o resumo, com números fiáveis - que muito trabalho deram a conseguir - e confirmados pelo próprio presidente Soares Franco, da situação criada nos últimos 13 anos.

Mas o Sporting sendo um Clube, é acima de tudo emoção, paixão e vitória! Também isso foi sendo formatado numa lógica comercial mal orientada e pouco atenta aos sócios.

É isto que está em discussão nestas eleições. Continuar numa política que se revelou mortífera para um Clube e que o colocou à beira do colapso, ou mudar de paradigma.

Voltarei com maior detalhe o que agora resumo.

5 comentários:

Felizberto Desgraçado disse...

Boas Frede,

Tens aí um erro de concepção complicado. Esqueces-te dos 60M de passivo com que partiste para esta aventura Roquettista. Assim, em teoria, a perda resultante do mau trabalho de gestão na SAD seria "apenas" de cerca de 40M.

No entanto acabas por ser "optimista" demais, porque na realidade o passivo acumulado do grupo Sporting está muito longe do afirmado publicamente.

Frederico Abreu disse...

Caro Felizberto,
Peço desculpa mas o erro é teu.
O Passivo da era Sousa Cintra era cerca de 30M€ - 6M contos.
O Passivo em 2006, dados da direcção, era 277M€.
A construção de infraestruturas foram cerca de 170M€ e o Passivo acumulado exclusivamente pelo futebol foram de 100M€.

A dúvida poderia surgir da diferença entre estes valores: 277M€-30M€=247M€ e 170M€+100M€=270M€ ou seja 270M-247M=23M€

Estes 23M€ são facilmente cobertos com as vendas de jogadores efectuadas nos 10 anos seguintes (receitas extraordinárias) + venda de postos de combustível cerca de 17M€...

A enganar-me é por defeito e nunca por excesso.

Felizberto Desgraçado disse...

Não consigo entender as tuas contas, desde logo assumo que o valor que sempre li/ouvi para o final do consulado Cintra foram os 60M.

Ainda assim, mesmo aceitando os 30M, terias então:

30+170(patrimonio)+77(gestão), para dar os 277M anunciados em 2006.

Frederico Abreu disse...

Neste link de uma entrevista a José Roquette em 1999, podes confirmar o valor do Passivo da era Sousa Cintra: 6 milhões de contos=30M€.

Nessa mesma entrevista podes verificar que dos 110M€ que custou o estádio o Governo deu ao SCP 4,3 milhões de contos = 21,5M€.

Para além desta receita extraordinária que faria com que o valor gasto nas infraestruturas baixasse, existiram outras receitas extraordinárias que não estão contabilizadas como a venda das bombas de gasolina.

Afirmei que aquando da divulgação do Passivo por Soares Franco em 2006, os famosos 277M€, cerca de 170M€ foram para construção do património e 100M de prejuízos acumulados do futebol. Estas contas são aproximadas mas por defeito.

Publicarei as contas da SAD em breve para tirar todas as dúvidas.

Frederico Abreu disse...

Faltou o link: http://www.leaodeverdade.org/?page_id=146